sexta-feira, 12 de setembro de 2008

ENTRE A VITRINE E O ESTOQUE

Memórias de uma vendedora de shopping

Capítulo 31 - Semi-lembranças da balada

No ônibus, fiz um esforço pra ligar os pontos.

Uma das últimas lembranças que eu tinha era da noite anterior da pista. Com a lata do energético numa mão, a mente naquela tênue linha entre o alucinado e a bad trip, eu dançava ao som de Deeper Underground do Jamiroquai. Sentia a música percorrer meu corpo, estremecer minha nuca, me fazer mover braços, pernas, cintura compulsoriamente.

A calça skinny colada no corpo estava encharcada de suor, assim como o decote da regata de algodão. De cima de meu salto (saí direto da loja), eu me sentia poderosa. Balançava a cabeça chacoalhando o coque improvisado sem desmanchá-lo.

Percebi o [estoquista] chegando mais perto. Ele também estava alucinado. Talvez por isso, nossos corpos dançaram em sintonia perfeita. Eu me sentia bem. Depois do dia mais foda do ano, eu me sentia realmente bem.

Não me lembro de muito mais que isso. Lembro da sensação da barba dele roçando meu pescoço, dos lábios tocando minha orelha, das costas batendo na parede (mais tarde, no colchão).

Não sei o que era mais forte: a dor de cabeça ou a ressaca moral.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Eu + você = tudo

Na nossa casa somos só nós dois. E, incrivelmente, é o lugar em que me sinto menos só.
Na rua, no escritório, no bar, entre eu e a multidão tem muita coisa. Aí 1 + mil = nada.
Mas é com você que o quebra-cabeça fica completo. E as outras pecinhas nem me importam mais. 1 + 1 = tudo.
Aqui, eu de cabelos molhados esperando secar, blogando do meu lap, você ao meu lado lendo sobre o Everest.
E esse aqui ainda nem existem em matéria, mas já é meu lugar. Talvez por isso tenho me sentido tão incompleta por aí.