sexta-feira, 11 de julho de 2008

ADRIENNE

"Eu queria ser que nem você, às vezes. Saber lidar assim, tão bem com a situação.. Mas não consigo. Ontem mesmo liguei pra minha ex e falei um monte de merda..."

Ficou orgulhoso de ouvir isso. Sentiu que realmente estava sendo maduro. Até superior, pra falar a verdade. Era bonito perdoar, sorrir, não sentir raiva.

Enquanto ouvia o brother filosofar acerca das suas dificuldades, encontrou uma foto dela perdida na carteira. Se desligando um pouco do blablablá do outro, olhou bem nos olhos da menina.

Lembrou do primeiro beijo deles, da primeira briga, da primeira TPM com ele, da primeira vez.

De repente, com uma caneta, começou a riscar o rosto da menina com força e não conseguiu parar até o papel furar. "Sua vadia". Meio estupefato de se ver xingando e furando o retrato assim, sentiu um alívio inesperado.

"Quê?", perguntou confuso o amigo do outro lado da linha. "Escuta, te ligo depois, velho".

Sem pensar muito, pegou a caixa que ficava embaixo da cama, virou no chão e começou: picotou foto por foto, rasgou as cartas, destruiu o ursinho. Jogou tudo dentro do box do banheiro e pôs fogo...

Sentado sobre o tampo da privada, aproveitou as chamas e acendeu um cigarro. O cheiro de queimado lhe passava um certo contentamento, uma leveza. "Vadia...".

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