sexta-feira, 11 de julho de 2008

TO HEAR YOU SAY THAT I'M YOUR FRIEND ou TUDO BEM? ou ainda NA PADOCA

- Moço, por favor, me vê uma Coca?

- Gelo e limão?

- Só gelo. E light, por favor.

__

- Então, onde eu tava?

- Falando do show do Red Hot.

- Verdade. Então, não pude ir. Fiquei com maior raiva... eu não podia ir sozinha (nem queria, na verdade) e não tinha um homem pra me acompanhar.

- É, realmente dá raiva. Que bom que as coisas mudaram.

- Como assim?

- Ah, hoje em dia pelo menos tem mais homem na sua vida. Se precisar, você arruma um pra ir com você.

- Verdade, verdade... mas acho que a melhor coisa mesmo é que aprendi a ir sozinha.

- E você pode?

- Pode como?

- Seu pai deixa?

- Ultimamente nem pergunto, se você quer saber. Acho que ele não liga, também. Tipo, se preocupa, oferece carona, pergunta como foi, mas acho que não fica chateado de eu não pedir autorização, saca?

- Hm..

- É. É bom.

- Lembro de quando você não podia viajar com a galera... rolava maior discussão, lembra?

- Lembro. Me enchiam meu saco pra eu brigar com ele, e exigir independência.

- E não tinham razão?

- Ué, não. Não precisei fazer nada pra conseguir a que tenho hoje. Quer dizer, nada especificamente. Simplesmente veio junto. Trabalho, pago minha facul, sei lá. Vou crescendo e perdendo os laços. Não preciso arrancar.

- É, faz sentido, mas sei lá...Você perdeu umas coisas legais.

- É, isso é verdade.

__

- Aqui.

- Ai, desculpa. Você pode me trazer um sem limão?

- Pode ser.

- Mal...

__

- Cara, eles nunca acertam... Não é tão complicado...

- Porque você pede desculpa pro garçom, se ele que trouxe errado?

- Hahaha... Ah, eu não quero que ele cuspa na minha Coca.

- Afe.. Hahahaha

- Aliás, fica olhando. Eu aposto que ele vai simplesmente tirar o limão e devolver o mesmo copo, em vez de trazer outro.

__

- Aqui

- Brigada.

__

- Falei...

- Hehehe...

- O pior é que não gosto de parecer fresca, mas pow.. O cara tira a rodela e o gosto fica.

- Pede outro copo, então.

- Eu não... Tenho vergonha. Não gosto de cuspe dos outros...

- Sei, sei... Hehehe

- Hahaha! Ok, depende da situação..

- Demorou pra começar, mas também, pegou gosto pela coisa.

- É verdade.. Hahaha..

- Faz quanto tempo já?

- De qual?

- De seca.

- Ah, uns... seis meses. Isso, faz seis meses amanhã.

- Hm..

- Foi da hora.

- É, você contou. Mas na época você parecia assustada, não parecia ter gostado muito.

- Ah, e fiquei mesmo... Tipo, a situação era muito complicada pra mim. E você tem que concordar que depois daquele beijo as coisas se complicaram ainda mais.

- É verdade, é verdade.

- Sabe o que me irrita? Metade da complicação era só nóia mesmo... Coisa que eu aprendi com a situação toda, mas meio tarde. Queria saber o que sei hoje naquela época.

- Ué, mas você não precisou passar por isso pra aprender?

- É, tecnicamente sim.

- Então...

- Hm...

__

- Vocês vão querer mais alguma coisa?

- Am, não sei.. Você tá com fome?

- Um pouco, eu vou querer um daqueles salgados ali.

- Queijo ou bauru?

- Bauru. Aliás, faz um bauru sanduba mesmo.

- Certo. E você, moça?

- Eu... ai, sei lá. Traz umas fritas...

- Ok.

__

- Você não tava de regime?

- Só às terças e quintas.. Hehehe..

- Hahaha.. Figura. Mas continua contando

- Contando o que?

- Que fim deu aquele cara?

- Ah, ficou com uma outra.

- Hm. Você ficou triste?

- Bastante..

- Achei que você não estivesse apaixonada.

- Acho que não estava mesmo. Mas gostava. Sei lá, fiquei meio triste, com a impressão de ter falhado.

- É, é comum sentir isso. Quanto tempo entre você e a outra?

- A partir do "aviso prévio", dois dias.

- Caraca!

- É.. punk.

- Bateu o recorde do outro. Quanto tinha sido antes?

- Cinco dias.

- Vixe...

- Hehehe... Vai ver sou rápida de esquecer.

- Ah, cala essa boca.

- Ok, não acho isso. É só uma provocação completamente inútil ao vento.

- Mas eu entendo seu ponto de vista. Foi pouco tempo mesmo, sorry..

- Thanks. But it's ok. A gente supera.

- Você superou?

- Na medida do possível. O primeiro é mais difícil.

- Quanto tempo faz que acabou?

- Quase um ano. Devem ter aí uns dez meses.

- Você ainda pensa nele?

- Opa, de vez em quando. Sabe o que irrita? Nego que fica bravo comigo por isso.

- Como assim?

- Ah, gente que vem me dar bronca, achando que eu fico me relembrando e cutucando o passado.

- Quem faz isso?

- Tanto meus amigos mais próximos quanto gente não tão perto assim.

- Tipo quem?

- Tipo uma das outras.

- Jura?

- Ah, ela é minha amiga, e numa conversa, soltou essa.

- E você?

- Fiquei mal, né. Acho que quem não viveu o que eu vivi, ou não sentiu o que eu senti, não entende o que acontece depois. Não acaba só porque cada um foi pra um lado.

- Você ainda gosta dele?

- Não é isso. Só to dizendo que não é uma coisa que se esquece assim, plagiando Kid Abelha, dando um mero tchau. A lembrança fica. E não sei se tem de ser destruída...

- Mas não te machuca?

- Sim. E?

- Se te machuca você deveria parar.

- Parar de que?

- De pensar?

- Ah, mas isso eu faço. Ou pelo menos tento. Mas tem coisas que não dá pra evitar, né? Lugares, músicas, essas coisas despertam a memória, meio sem querer...

- Hm..

- Ressaca. Às vezes dá a impressão de que não to pronta pra outra, sabia?

- Quem disse?

- Ué, ninguém. Mas sei lá.

- Sei lá o que?

- Sei lá, uai.

- Pois eu acho que tem mais é que andar pra frente..

- É, deve ser.

- Já tentou de novo?

- Já..

- E no que deu?

- Não deu. Ele tava afim de outra.

- Hm. Acontece.

- É, eu sei.

- Perspectivas?

- Tem um guri aí... mas sei lá. Nem conheço direito.

- Espero que, ficando juntos ou não, seja uma experiência mais agradável que as últimas.

- Né?

- Hmhm.

__

- Fritas?

- Aqui.

- Opa, meu bauru por favor. Valeu.

- Tem maionese? Ah, brigada.

- Passa um guardanapo?

- Tó.

- Thanks.

__

- Notícias daquela sua amiga? Faz tempo que não nos falamos..

- É, né. Fiquei triste quando ela falou que tinha desencanado de você.

- Eu vi. Mas acontece mais do que você pensa.

- Espero não ver muito.. Me acabou.

- Eu também fiquei machucado...

- Mas ela tá indo... você vê ela de vez em quando, né?

- Mais que você.

- Então porque pergunta?

- Pra saber como você está em relação a isso.

- É, eu não estou sabendo lidar direito.

- Você tem orado a respeito?

- Pouco.

- E por quê?

- Porque orar a respeito significar pensar a respeito. E toda vez que eu lembro disso, fico triste. Logo...

- Isso tem nome: fuga.

- Hm.. bom, em minha defesa, eu não me orgulho disso.

- Tenta.

- Me orgulhar? Hehehe...

- Hahaha.. besta. Não, tenta começar a orar.

- Se pá.

- Me dá um gole?

- Opa, toma.. Tá sentindo?

- O limão, né? Hahaha... Tô sim. Poutis, que cocô... Quer dizer, eu gosto de limão, mas pra você que não...

- Sabe que eu fico estupidamente curiosa?

- Diga.

- Por que que eu não suporto frutas. Tipo, vou fazer uma terapia de regressão um dia e descobrir...

- Hahaha.. você sempre fala isso.

- Ué, você não ficaria curioso?

- Sei lá.

- Pois eu fico. E um dia ainda descubro...

- Deve ser trauma.

- É. Se bem que eu fico pensando: e se é um trauma e eu bloqueei? Conscientemente. Ou melhor, por vontade própria?

- Estamos falando das frutas ainda?

- Hehehe.. sim, mas se encaixa pra todas as áreas. Eu tenho a impressão de que tenho uns traumas sexuais também.

- Uia.

- Nem sei se vale a pena cutucar.

- É, eu também não sei se vale...

- Enfim, a questão é: deve ter um porquê com as frutas.

- Hahaha...

- Fica rindo aí, vai, ô, mané...

- Parei, parei.. Hehehe..

- Bah..

- Mas ow, conta direito do show do Pearl Jam.

- Aaaaaaaaaai, te falei que eu vou?

- Hahaha.. precisava ver sua cara agora.

- Seu bobo.. se você não fosse Deus, eu te quebrava!

- Hahaha! Duvido! Qualquer criancinha te espanca..

- Nussa!! Seu folgado...

- Hehehe...

- Te amo, sabia?

- Só porque eu te amei primeiro.. Hahahah!

- Seu.. clichê!

- Haaaahahaha!

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