sexta-feira, 11 de julho de 2008

ESSE É SÓ O COMEÇO DO FIM DAS NOSSAS VIDAS

Acordou cansada com o barulho da cozinha. Era sua sogra. Olhou no relógio: sete e meia da manhã. O marido saíra mais cedo naquele dia e chegara a hora de ela trabalhar.
Tomou um banho, cantarolando, e vestiu roupas coloridas, para dar um ânimo.
Pegou seu carrinho e carregou com os quitutes que a sogra havia separado na mesa. "Cuidado para não amassar os beijinhos!" repreendeu a senhora e, como que querendo se redimir do tom quase grosseiro, emendou "Vá com Deus, filha".
O calor estava forte. Sem pressa, ela saiu com sua rasteirinha pela rua, buzinando e anunciando sua passagem "Olha o doce caseiro!". Cumprimentava as vizinhas ao longo do caminho, cada qual ocupada com sua tarefa cotidiana. As crianças eram sempre as primeiras a chegar e não foi diferente naquele dia. "Brigadeiro, pé-de-moleque, olha o docinho".
"Mas que sorriso é esse, menina?", perguntou uma das vizinhas. "Hoje faço um mês de casada!". A outra suspirou "Ah, que saudade desses tempos... aproveita!".
A condição financeira de sua recém-formada família não era das melhores, mas ela não se desesperava. Era apenas o começo da vida a dois com o esposo que amava tanto... Sabia que enfrentariam alguns momentos difícieis, mas aquela era a hora da esperança, dos sonhos, daquilo tudo que enche o coração dos apaixonados.

(Originalmente postado em 28/mar/07)

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